terça-feira, 16 de novembro de 2010

UM DIA DAQUELES

Um dia daqueles é todo dia.
E eu que ainda me espanto com toda a sua costumeira grosseria,
Esta falsa alegria de quem canta sem cantar,
De quem sorri sem aquele brilho nos olhos,
De quem com uma gargalhada tenta abafar o grito retumbante de um ser vazio.

Um dia daqueles é todo dia.
Então não há mais surpresa pois sei que hei de encontra-te por entre tuas mentiras,
Nesta falsa aparência de ser feliz.
Ressentindo-se de ser quem és, protagonista do patético espetáculo de tua vida cheia de magoas.

Um dia daqueles é todo dia.
Diante do teu dissimulado bem-querer de quem muito gostaria que não existisse mais ninguém, exceto a si mesmo e no máximo um outrem.
No charco em que vives cercas-te daquilo que lhe convêm,
Esquecendo-se de repartir não as quinquilharias que juntaste de outros tempos, de outras eras, de outros brejos...
Mas nada tens a repartir, isto é fato; dos arremedos de tua vida nada aprendes-te que outros possam querer.

Um dia daqueles é todo dia.
Convivendo com tua ignorância de quem julga muito saber.
Fazendo tudo de qualquer jeito.
Satisfazendo-se em si mesmo.
Comendo amargas bagas do desamor para consigo mesmo.
Tua esperança não vai além do presente instante, tua crença está em coisas, teu deus é você mesmo.

Um dia daqueles é todo dia.
Invariavelmente repleto de tudo o que te contêm: ironia, descaso, vis interesses, pérfidos planos e mentiras.