domingo, 28 de junho de 2009

DOIS DIAS É POUCO

Faz menos de uma semana que enterrei minha mãe. Experiência única e horrível e nem bem tinha eu processado ou elaborado – como gostam de dizer os psicólogos – o luto por minha mãe, tive que retornar às atividades laborativas, rotineiras e funcionais na empresa em que trabalho.

A mente dispersa, o corpo cansado, os olhos pesados e a paciência curtíssima para repetir a história da doença que levou minha mãe ao descanso... eu já estava pra lá de cansado de tudo isso.

A lei concede, quase que como por esmola, para o funcionário que perde os ascendentes (pai e mãe), dois – míseros, modestos, parcos e poucos – dois dias de licença. É muito pouco! Minha irmã voltou ao trabalho passados os seus dois dias; eu ainda respirei um dia a mais e na quinta-feira estava de volta, pelo menos o corpo, à cadeira, atrás de minha mesa, na frente de um computador.

Sei que é preciso retomar a vida, seguir com os projetos e planos etc e tal; mas dois dias é pouco, muito pouco para chorar, para arrumar a casa, organizar e reorganizar a vida, para consolar e ser consolado.

Dois dias só não é pouco para sentir saudades...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

MAS LIVRAI-NOS DO MAL - EPÍLOGO

Livre de toda a dor e sofrimento, a paciente descança de suas dores.

Tem fim o sofrer. Fica a saudade e a esperança de que em breve haveremos de nos encontrar, sem dor, sem câncer, sem sofrimento... só amor.

x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x FIM x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

sexta-feira, 19 de junho de 2009

EU MATEI MICKEY MOUSE

Aconteceu por estes dias...

Estando eu confortavelmente instalado sobre o sofá assistindo a sei lá o que na televisão eis que de súbito, sem aviso prévio, um hediondo, medonho, asqueroso, repulsivo, infame e nojento roedor é percebido pela menina de meus olhos.

Num sobressalto, não sei ainda se de coragem, espanto, susto ou medo, rapidamente segui a criatura com os olhos afim de saber para onde iria o infame rato. Bingo! O bichinho fez a curva acima da velocidade permitida, saiu da sala e entrou na cozinha. Pronto!! Tudo o que eu mais queria aconteceu... um roedor peçonhento na cozinha. Eu mereço!

Como estamos aqui em casa com uma situação particular de doença na família e eu estava de malas prontas para São Paulo, cuidei em manter as portas dos quartos bem fechadas para que o intrépido visitante não trocasse o conforto e fartura da cozinha pelo aconchego de qualquer quarto e também mantive a porta da cozinha bem fechada para garantir a permanência do dito animalzinho em apenas um espaço e fui... para “Sampa”.

Quando retornei - não sou bobo nem nada -, voltei acompanhado de minha irmã, para dar uma boa organizada na casa antes do retorno de minha mãe e foi aí que a coisa pegou, na verdade não pegou, mas quase pegou.

Avisada da visita animal e conhecedora de todo o meu potencial corajoso para aniquilar o infeliz roedor, minha irmã em um ato de extrema bravura, bondade e amor fraterno (que lindo!!!) trancou-se na cozinha disposta a aniquilar o bichinho.

Tudo ia bem até que um grito ecoou pela casa indicando o avistamento do ser. Fiz o sinal da cruz umas quatrocentas vezes e devidamente imbuído de coragem e com a vassoura na mão tive que adentrar ao recinto da cozinha para ajudar a aniquilar o agora avistado roedor. Entre umas vassouradas e saltos e pulos e uma série de “Ali! Ali! Ali” ou então “Vai bate nele!” o agora veloz roedor safou-se debaixo do fogão e aí então, inteligência pouca é bobagem, não pensei duas vezes, acendi o forno e ficamos de olho – minha irmã e eu – para ver se o ratinho seria cozido. O tempo passa, o fogão esquenta e nada de cheiro de rato assado, nada de rato sair debaixo do fogão.

Penso que ficamos esperando o rato assar por uns trinta minutos e então desligamos o fogo, afinal: Quem poderia resistir tanto tempo assim dentro de um fogão quente e continuar vivo?

No dia seguinte, resolvemos dar uma geral dentro do fogão e para surpresa e espanto, nenhum sinal, sequer as cinzas do chamuscado roedor foram encontradas. Santo Mickey veloz! Ele havia escapado da sina de Joana D’Arc. Desencanamos do rato, concentramo-nos na limpeza e organização e o dia transcorreu normalmente até o inicio da noite quando ouvi sons estranhos vindo da cozinha.

Um amigo estava em casa, viera conversar um pouco e tínhamos planejado comer fora – para espairecer. Enquanto conversávamos amenidades ouço o barulho e vejo uma mancha escura dentro de um saco plástico onde estava armazenada a base de um filtro de água. Rapidamente em um convite que mais pareceu uma intimação, instei com meu amigo que me ajudasse a matar o rato e aí o bicho pegou.

Tão corajoso quanto eu, meu amigo, num ato recheado da mais pura bravura ficou com a parte logística da operação, ou seja, ele cuidava da vassoura e eu com a parte prática, ou seja, encarregado de aniquilar e destruir o rato. Santa falta de coragem! Mas lá fui eu na frente, é claro, e meu amigo no suporte logístico logo atrás. Eu segurei a franga e peguei bem firme no cabo da vassoura e mandei ver em uma infinidade de golpes sobre a pobre coitada base do filtro de água que não resistindo, fragmentou-se.

Moral da história: Na hora do aperto é como diz a letra da música, com uma pequena alteração minha: “Um homem pra chamar de seu, desde que não seja eu”.

E fim da história... e do rato também!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

MAS LIVRAI-NOS DO MAL IX – RETICÊNCIAS...

Faço uma pausa na capitular narrativa, uma vírgula para respiração e enquanto respiro, recordo as inúmeras manifestações de apoio e carinho que havemos recebido nestes dias turbulentos que temos enfrentado juntamente com a paciente.

Em uma destas manifestações recheadas de empatia, carinho e sincera amizade, uma amiga escreveu que “os amigos são o meio pelo qual Deus gosta de cuidar de nós.” E então, sendo assim, todos os dias Deus fala comigo ao telefone, manda um email, mensagem no Orkut, envia carta, me dá um abraço e até interage neste blog.
Todas estas manifestações do mais puro e desinteressado amor para com a família da paciente e também para com a paciente tem nos ajudado a suportar e superar os momentos ruins, valorizando os bons instantes.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

MAS LIVRAI-NOS DO MAL VIII - DE VOLTA PRA CASA

Após duas semanas de internação para exames, dado o diagnóstico e as orientações médicas, a paciente decide voltar para sua casa, junto de sua família e assim é.

Ainda bastante debilitada fisicamente e ainda um pouco abalada emocionalmente, a paciente trava acirrada luta para ficar bem, o melhor possível, com a ajuda de familiares e amigos que afluem para vê-la; para expressar e demonstrar amor, carinho, afeto, amizade e cuidados para com ela. Isso é bom, conforta a alma, alivia o espírito e faz surgir novo ânimo.

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.” I Coríntios 13:13