sexta-feira, 29 de agosto de 2008

ALGEMAS

A legislação recente, com o objetivo de não ofender nem expor ao constrangimento desnecessário, decretou que não se deve mais algemar qualquer pessoa que, tendo ofendido as leis vigentes, tenha que ser detido e encaminhado à autoridade competente e responsável para os procedimentos legais previstos.

Pois bem, se bandido não pode ser algemado então quem será?

O que há de ser feito das muitas algemas circulando por este país? Qual será o destino destes nem tão glamurosos braceletes niquelados.... lojas de artigos eróticos ou o fundo de um armário qualquer, em uma casa qualquer (segreeedo!!).

O preso está livre e nós, livres, presos com as algemas da insegurança, da desconfiança, do receio, do medo.

Cerco minha casa com muros que se assemelham a muralhas. As portas do meu apartamento possuem mais de três chaves e dois trincos. Não entro ou saio de casa sem acionar os, sim no plural, os alarmes. Tenho um cão, mistura de 'cruz-credo' com 'coisa-ruim', o 'docinho', que habitualmente só morde os desconhecidos. Contratei segurança privada e me cerco de preces, patuás, mandingas e simpatias na tentativa de sentir-me menos inseguro.

Enquanto bandidos legislam para bandidos, eu, cidadão de bem, estou completamente desprotegido, à mercê de sei lá eu bem o quê, esperando que o próximo ato de violência contra mim direcionado não seja o de alguém que, a priori, deveria zelar pelo meu bem estar... a saber: eu mesmo!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A SALVAÇÃO DA LAVOURA

Esta semana não resisti e fiz um programa que há muito não fazia: fui assistir a uma comédia, mas não no teatro. Vi pela televisão, mas não foi no canal da TV Cultura, aliás, a comédia que vi pouco tinha de cultura e independe do horário. A comédia que assisti tem como título: Propaganda Eleitoral Gratuita.

Este tempo que os políticos devidamente miliciados roubam do telespectador. Interessante notar que à "mão-leve", como o farão na gestão da coisa pública, os candidatos nesta maratona eleitoral, devidamente irmanados, juntos e agrupados, começam a roubar o pobre coitado do eleitor... começando com o tempo.

Outro aspecto interessante é a completa e total falta de não sei bem se criatividade, senso ou então seria excesso de dissimulação e ou cara-de-pau na apresentação do que chamo de "candidato-clichê". Aquele tipo básico, fácil de identificar pois promete o que todos prometeram, prometem e prometerão, a saber: acabar com a violência, resolver a questão do transporte público, melhorar o atendimento na rede pública de saúde e educação, aumentar o valor de aposentadorias e do salário-mínimo (só se for o dele, depois de eleito!), criar 'trocentas' mil novas vagas de emprego e por aí vão as barbáries e sandices prometidas, ditas. Fique atento, nestes não vale a pena votar, é voto perdido!

Talvez minha única saída seja votar em quem tenha origem, berço, inclusive no nome. Aqui na região tenho como opções os seguintes 'berços': os candidatos da academia, da farmácia, da auto-escola, do bar, da bateria, do jornal, da imobiliária, da bicicleta, da feira, da vila, da saúde, do sindicato, do postinho, da padaria, da van, da lotérica, da creche, do fórum, do sacolão, do INSS (pode??) e como se ainda suficiente não fosse, há ainda os candidatos 'profissionais', a saber: o churrasqueiro, o veterinário, o batateiro, o radialista, a contadora e o obreiro.... quanta criatividade!!

Neste pleito eleitoral, valham-me todos os santos, os vivos por favor; venham salvar-me desta cacaria.

Na próxima eleição serei candidato. Vou colocar meu nome na televisão, minha foto no cartaz e meu bloco na avenida... se eleito não for, certamente faço um carnaval já que neste país tudo acaba em samba no Rio de Janeiro, axé na Bahia, pizza em São Paulo e 'porra-nenhuma' em Brasília.

Votem em mim!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

ENCERROU-SE O HORÁRIO LIVRE

Agosto é mesmo o mês do desgosto.

Não por causa da famigerada fama de mês do cachorro louco, mas sim pela ingrata propaganda eleitoral gratuita.

Vil artimanha das quadrilhas que hoje em dia se entitulam partidos políticos para roubar um pouco do tempo que ainda nos resta para um lazer e entreterimento diante da televisão.

Ops! Pára tudo! Desliga a TV e preste atenção.

Que tal transformar o dito exercício democrático em sua forma televisiva em um momento para outros tipos, outras modalidades de exercícios? Aproveite que o espírito Olímpico está no ar.... coloque a leitura em dia. Aquele livro que você tanto tem namorado mas sempre achou uma desculpa na falta de tempo... agora você têm tempo. Que tal então investir tempo em uma saudável brincadeira com as crianças ou então organizar aquele canto, armário ou quarto bagunçado? Agora tempo você têm.

Aproveite o tempo para ligar, visitar, dar um oi e um abraço naquele amigo ou amiga com quem não fala já faz um bom tempo. Talvez entre um dedo-de-prosa e outro o assunto político eleitoral apareça e que bom se assim acontecer... aproveite então para ouvir e debater idéias, preferencialmente longe da TV, onde muitos falsos salvadores prometem de um tudo e mais um pouco na tentativa de coagir você a acreditar que existem políticos sérios neste país-piada.

Faça o melhor horário-político... o seu, no seu tempo!

Pense bem e vote certo!

domingo, 17 de agosto de 2008

DE PEQUIM... BEIJING

É mês olímpico e o mundo volta os olhos bem abertos para a China, que de olhos mais fechados e regime político idem, tem deixado o mundo ocidental, não muito afeto ao sistema de Mao, de boca aberta.

Este negócio de jogos olímpicos é sempre muito impressionante. A começar pela cerimônia de abertura, se estendendo pelas provas e disputas e fechando com a festa de encerramento, tudo é emocionante, grandioso, lindo, intenso, um espanto de cair o queixo.

Nesta edição dos jogos a cerimônia de abertura foi perfeita, tudo simétrico, tocante, impressionante de deixar olhos e bocas bem abertos diante da grandiosidade e brilho que somente muita disciplina e treinamento são capazes de produzir. Vislumbre do que veríamos, vemos e veremos nos locais de provas, na organização, no cuidado e no tato para dar ao mundo um olhar mais aberto da Terra do Yang-tse, da Cidade Proibida e da Praça da Paz Celestial.

Então se sucederam disputas, recordes e mais recordes foram quebrados. Tristeza e alegria receberam sempre o mesmo tratamento por parte dos olhos e ai já não importa se são abertos ou fechados pois lágrimas coroaram todo o esforço olímpico, quer de ouro, prata, bronze ou ainda o esforço não medalhado.

Nós, brasileiros, ficamos de olhos bem abertos diante da televisão em noites e madrugadas insones. Transformamos o horário de Pequim no novo horário oficial brasileiro e pagamos o preço por isso. Meus olhos abertos nas madrugadas teimaram em querer se fechar durante o dia. Resistir ao sono no trabalho foi façanha digna de um atleta olímpico. Devo ter quebrado a marca nas seguintes modalidades: pescada diante do computador, cochilada no ônibus, descida no ponto errado e soneca na hora do almoço; mas valeu a pena. Vale até aqui a emoção de cada conquista, cada medalha, cada jogada, cada disputa.

Vale a pena entender e torcer, de olhos bem abertos ou fechados, para que o tempo olímpico dure o ano todo, para todo o mundo.

"Beijin"

sábado, 9 de agosto de 2008

MEMÓRIAS

Recordo quando te vi
Teus olhos e seu brilho
Teus lábios, tua boca
Nosso beijo e meu sorriso
Ainda me lembro do teu abraço, nosso afago e carinho.

Tu eras como uma miragem.
Projeção e transferência inconsciente de meu desejo consciente.
Desejei-te desde o primeiro instante. Loucura e perdição, a minha.

Recordo quando partiu.
Tão diferente.
Estranha figura daquilo que fôra um dia, estranho desenho de meu sonho-pesadelo.

Agora não choro mais pois o tempo de minhas lágrimas é curto.
E o que fica então? Ficam as lembranças, ficam os retalhos dos retratos, ficam os esboços e rascunhos de quadros já envelhecidos pelo tempo, agora expostos na janela de minha alma.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

EM UM DOMINGO...

Estes dias tive a felicidade de passar por um momento que me fez tão bem que resolvi dividir com você.

Tudo aconteceu em um domingo cinza. Um amigo, destes que de tão amigo já é considerado como irmão, em viagem de retorno para sua casa, se propôs a fazer um desvio e vir me ver.

Bah!, como dizem os gaúchos, fiquei muito feliz! Este amigo é especial pois é amigo dos mais "antigos" que tenho. Quando passei por tempos ruins, era ele quem estava do meu lado e não importava muito se o meu humor era dos melhores; ele estava lá, do meu lado, dizendo o que devia ser dito e muitas vezes, mesmo sem nada dizer, falou muito.

Não nos víamos a pouco mais de um ano mas, não nego, eu estava com muita saudade de vê-lo, de conversa com ele cara-a-cara. Então ele chegou e foi muito bom abraçá-lo mais uma vez.

A saudade era imensa e abraçá-lo, meu amigo Pyo, deu mais saudade ainda... Obrigado por ser como você é e por permitir que eu aprendesse a amar você pelo carinho e força de nossa amizade. Deus nos ajude a sempre sermos amigos!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

VOCÊ PEDIU... EU QUERO!

O nosso Digníssimo Presidente da República em mais um de seus recentes discursos, aqueles em que ele aparece suado, bem posto em uma camisa "estilosa" falando como se ainda fosse um sindicalista a representar os menos favorecidos, a saber, os pobres, os de fato e não os de alma como muitos dos que com ele estavam ao palanque, disse em tom de ousada provocação ou seria apenas mera sugestão à massa expectante (??) que era chegado o tempo de cada trabalhador buscar, reclamar, pedir e sugerir aumento no recebimento pago pela prestação do serviço, o dito salário.

Pois bem, Senhor Presidente... já que eu tenho que falar com o meu patrão sobre o aumento para o qual eu tenho, além do direito justo, também a orientação de sua Ilustríssima pessoa então eu, em prece, assim procedo:

Peço-lhe a vós, que aumenteis o valor do mínimo para que o meu, que me é mínimo, seja também aumentado. Amém!
Aumentai também o valor da aposentadoria. Amém!
E por ser esta causa urgente, repito: Aumentai! Amém!

Não aceitarei um "não" como resposta. Não apresente as mesmas desculpas esfarrapadas, esquálitas e desavergonhadas de que não há verba, não há fundos... todos os meses há novos patamares para a arrecadação da aviltante máquina impostora-tributária - sem trocadilhos, por favor!

Faça a sua parte Senhor Presidente! Façam, senhores políticos.

Reze Pátria Amada, Rezemos Brasil!