quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DEDINHO DE PROSA...

O conviver em um mundo cada vez mais tecnológico e virtual fez mudar profundamente a qualidade das interações entre os seres humanos.

Uma das mais drásticas alterações, muitas das vezes imperceptível, é a que diz respeito ao bom hábito de conversar, bater papo, prosear, jogar conversa fora.

Com o crescente avanço das ciências e artes tecnológicas tivemos nosso dia-a-dia invadido e recheado de pequenas ou grandes parafernálias ou trocinhos e estes cada vez mais interativos.

O que antes era inanimado, estático ganhou “vida” quer dizer, bytes, memória, processador, circuitos e agora pode reconhecer formas, se locomover, ouvir e pasmem... até falar.

Estes dias me percebi tendo uma “prosinha” com o meu computador enquanto ele, lentamente, tentava realizar uma série de processamentos. Foi então que me dei conta – eu comigo mesmo – de que ando falando com máquinas. Eu não sou maluco!

Falo com o celular invariavelmente graças à operadora a conversa tem sido sempre a mesma: “sem sinal outra vez... sacanagem, hein!”
Falo com a televisão quando na troca de um canal para o outro o volume aumenta demais: “não precisa gritar, fale baixinho.”
Falo com o chuveiro em dias frios: “vamos lááááá, esquenta essa água.”
Falo com a geladeira: “vamos ver o que temos hoje para comer?”
Falo com o microondas quando ele apita: “já ouvi!”
Falo com o telefone quando ele toca: “estou indo.”
Falo com o caixa eletrônico: “libera o meu dinheiro, segura não!” ou então “como assim errei a senha, tá maluco?”
Falo com a minha bicicleta: “vamos dar uma voltinha hoje?”
Falo com a porta: “abre-te sésamo.” e parece incrível, mas depois de outros procedimentos ela, a porta, sempre se abre.... impressionante!!
Até com as plantas eu tenho falado: “vamos lá avenca, não morre não!”

Você deve pensar e quase ter certeza de que se ainda não sou estou no caminho certo e a passos largos para um quadro grave, profundo e talvez irreversível de algum quadro psicótico, certo?

Errado! Você não precisa conversar com toda sua casa mas não pode negar que pelo menos uma vez, senão várias vezes, fez dueto com o aparelho de som ou o rádio de casa ou do carro.

A vida não precisa ser um discursar no areópago e nem um monólogo unidirecional. Saber transigir é fundamental, interagir também. Eu não dispenso um dedinho de prosa. Vamos prosear?

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