terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

RASCUNHOS DO MEU CARNAVAL

É quase fim de festa.
Nas praças, becos, vielas, ladeiras, ruas, avenidas, aonde quer que haja uma batucada, um ziriguidum qualquer, a massa de foliões ainda se aperta, se espreme, canta, samba e dança (ou pula, como preferem alguns) animadamente.

A comissão de frente já fez sua última evolução juntamente com as demais alas da escola, o último carro alegórico já está de volta no barracão, a porta-bandeira recolheu o pavilhão, o mestre-sala deu seu último rodopio, da bateria já soou o último repique do surdo, a baiana fez seu último giro, o alegre passista tocou o pandeiro pela última vez enquanto a sorridente mulata fazia seu encantador requebrado com os quadris para um último flash na avenida.

Silêncio...

Na escadaria da passarela do samba, deitado com o corpo entre um degrau e outro o folião desfalecido, tomado pelo cansaço da folia, adormece. Para onde a vista alcance o que se vê são as sobras da festa de Momo: confetes e serpentinas, plumas e paetês, adereços e fantasias, máscaras e mascarados, pierrôs e colombinas.

Minha introspecção só é interrompida pelo cantarolar desafinado do sorridente gari que, entre um varrer as cinzas da festa e outro, faz da vassoura sua parceira de avenida, de samba, sua mulata.

Cantarolo com ele o samba de sua escola do coração; gentilmente cumprimento a sua “mulata”, pego meu chapéu e saio pela avenida, agora vazia.

Um comentário:

Cintia Patricia disse...

Que legal broth, enquanto vc voltou com força total, eu me encontro em um exílio profundamente longe de Poesis...