sexta-feira, 29 de agosto de 2008

ALGEMAS

A legislação recente, com o objetivo de não ofender nem expor ao constrangimento desnecessário, decretou que não se deve mais algemar qualquer pessoa que, tendo ofendido as leis vigentes, tenha que ser detido e encaminhado à autoridade competente e responsável para os procedimentos legais previstos.

Pois bem, se bandido não pode ser algemado então quem será?

O que há de ser feito das muitas algemas circulando por este país? Qual será o destino destes nem tão glamurosos braceletes niquelados.... lojas de artigos eróticos ou o fundo de um armário qualquer, em uma casa qualquer (segreeedo!!).

O preso está livre e nós, livres, presos com as algemas da insegurança, da desconfiança, do receio, do medo.

Cerco minha casa com muros que se assemelham a muralhas. As portas do meu apartamento possuem mais de três chaves e dois trincos. Não entro ou saio de casa sem acionar os, sim no plural, os alarmes. Tenho um cão, mistura de 'cruz-credo' com 'coisa-ruim', o 'docinho', que habitualmente só morde os desconhecidos. Contratei segurança privada e me cerco de preces, patuás, mandingas e simpatias na tentativa de sentir-me menos inseguro.

Enquanto bandidos legislam para bandidos, eu, cidadão de bem, estou completamente desprotegido, à mercê de sei lá eu bem o quê, esperando que o próximo ato de violência contra mim direcionado não seja o de alguém que, a priori, deveria zelar pelo meu bem estar... a saber: eu mesmo!

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