segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ADEUS À INOCÊNCIA

O mundo está mesmo de pernas pro ar, se é que ainda existem pernas que possam sustentar este planeta.

Se não fosse suficiente o ritmo desfibrilante da economia, medido pelos índices das bolsas de valores e acompanhado com aflição por grandes e pequenos investidores mas também pela dona-de-casa que já sente e percebe o solapar dos preços nas gôndolas dos supermercados e nas barracas das feiras-livres; agora tenho percebido com maior freqüência que a sociedade dá mostras inequívocas de que alguma ‘força-estranha’ parece procurar destruir os sonhos, os mitos, os contos infantis.

A continuar neste ritmo transloucado não há de sobrar ninguém na Terra do Nunca para contar história ou pelo menos para contar as mesmas história que embalaram o imaginário de muitas gerações até as últimas semanas.

Fazia ainda pouco tempo que a pequena e inocente Branca de Neve havia sido jogada da janela do castelo aonde seu pai, com o aval e a conivência da má-madrasta, e então fomos surpreendidos por um Pequeno Príncipe com cara de sapo e personalidade de Lobo-Mau que entrou na torre onde a já nem tão inocente Rapunzel estava e depois de algum tempo matou-a, enchendo de lágrimas os olhos de muita gente e de sangue o rosto de Rapunzel e também de uma amiga da agora finada. Como desgraça pouca é bobagem, descobriu-se que o pai da menina de tranças de lençol fora também causador de dor, lágrimas em terras distantes vindo de lá escondido, torcendo para que o os guardas do reino não o encontrassem.

Fico pensando então quem será o próximo personagem de meus contos de infância a ter sua história reescrita por obra e graça de alguns fatores como: permissividade, ociosidade, incapacidade para lidar com emoções, desequilíbrio, intolerância, ciúme e vou parar por aqui senão a lista pode ficar grande demais.

O que haverei de ler para meus filhos ou filhos de meus filhos quando eles quiserem uma história para dormir, uma alegoria para embalar suas pequenas mentes imaginativas? A continuar nesta tocada, talvez a melhor opção sejam os índices financeiros ou a crônica policial.

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