domingo, 6 de julho de 2008

MARCAS NO CORPO, DESENHOS NA ALMA

Já faz algum tempo que um amigo falou comigo, feliz e dolorido da vida. Ele havia feito uma tatuagem. A figura escolhida foi uma Fênix e o local da aplicação de sei lá eu quantas inúmeras, trocentas agulhadas, as costas.

Perguntei então se ele não poderia ter escolhido um desenho mais simples e talvez menor, com menos agulhadas, para marcar o corpo. A resposta que ouvi então foi que a tatuagem era, ou melhor, é a representação externa de uma mudança radical e profunda na forma como ele encara a vida. Renascimento, tudo novo e diferente foram algumas das palavras que ouvi para explicar a escolha da ave, da Fênix.

Eu achei muito bacana a tatuagem, realmente ficou linda... até eu fiquei empolgado com a idéia e já estou pensando em fazer também um desenho ou ideograma, menor é claro, mas depois falo mais sobre isso. Quero me ater na representatividade da Fênix.

Fênix é um pássaro mitológico, único na sua espécie. Vivia por muitos séculos no deserto, porém, quando sentia estar próxima a sua morte, construía então um ninho de plantas aromáticas, que os raios solares incendiavam, e nele se deixava consumir. Da medula do ossos (algumas versões dizem que de um ovo posto antes do pássaro morrer queimado) nascia então um verme (ou então uma outra ave) que se transformava em outra Fênix e que dava início ao mesmo ciclo da ave anterior.

A mitológica ave que renasce é sempre a mesma. Não há nada de novo. É tudo igual. Não existe mudança nas atitudes do mítico ser emplumado. Tudo na vida da Fênix vai acontecer como sempre aconteceu, sem novidade, sem mudança de atitude, sem diferença alguma.

E eu agora pergunto: Então é este o ser representativo para mostrar que internamente eu mudei, que sou outra pessoa? Este ser sempre igual, sempre o mesmo??

Marcar o corpo pode ser fácil, apesar da dor; difícil é mudar o interior, fazer novas escolhas, ter novas posturas diante das escolhas que a vida nos oferece. Renascer para uma vida nova é mais do que um desenho no corpo; é desenho na alma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso me faz lembrar do sermão de ontem do pastor Eduardo: Dilúvio é Recomeço, Renascimento.
Que todos nós possamos pensar em ter a alma bem desenhada, colorida e iluminada!

Luciano disse...

Estou gostando de acompanhar seus textos; você não me tinha dito que escrevia...
Grande abraço,
*