quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

7 DIAS PARA O NATAL

Pouco falta para a celebração cristã que marca, assim reza a tradição, o nascimento, a encarnação do Filho de Deus, Emanuel, entre os homens de boa-vontade.

Estou no centro, dentro de um centro comercial; já comprei presentes e lembranças e enquanto espero o tempo passar, observo.

Ei, moço, você viu o menino?

Está é a pergunta que escuto e parece que foi feita a alguém perto de mim. Então minha atenção é desperta para o que acontece ao meu redor.

Vejo muita gente apressada e ansiosa por comprar. Alguns estão tão carregados de sacolas, embrulhos e presentes que se assentam onde lhes é possível e esperam as forças e o vigor e o entusiasmo retornarem para que possam, de fato retornarem mas não para suas casas; retornarem para mais compras, mais sacolas, embrulhos e presentes. Há muita gente nervosa, irritada ao meu redor. Clientes insatisfeitos por não terem encontrado o presente material ideal, vendedores incomodados por terem de suportar a total ausência do chamado espírito natalino justamente nesta época em que esta sensação e suas ilações deveriam ser mais freqüentes, constantes, recorrentes.

Ei mocinha, você viu o menino?

Giro meu corpo para o rumo de onde escuto a pergunta e o que observo é um senhor de barba branca e roupa vermelha, existem algumas crianças ao redor dele, o tal menino perdido deve estar por lá. Enquanto vejo se meus olhos identificam alguma criança perdida percebo que próximo ao bom-velhinho há figuras de renas enfileiradas, há um saco de tecido vermelho e dele parece transbordar vários pacotes finamente embrulhados e decorados, há uma árvore – e pasme, de verdade – logo atrás da cadeira onde se assenta o vovô de barbinha branca. Há inúmeros e variados enfeites, cores, luzes. Tudo é tão lindo! O disparar de um flash fotográfico tira-me de meu transe platônico-natalino.

Hei senhor! Você viu o menino?

No ambiente, como se não bastasse o aflorar das pessoas chegando e com ele o aumento do vozerio por conta das conversas, dos encontros, dos risos, choros e gritos, há ainda a indelével marca das tradicionais e recorrentes canções natalinas, tocadas e repetidas continuamente; mas, no meio desta sinfonia-desarmônica do barulho do povo, mal pode ser percebida. O ar refrigerado parece não mais conseguir dar vazão ao calor provocado pelo ritmo frenético da massa humana no vai-e-vem, no entra-e-sai que atola, entope e engarrafa corredores, lojas, escadas-rolantes. Todo o espaço está tomado, superlotado de pais e mães estressados, de crianças cansadas e irritadas e de gente que foi além do limite, inclusive financeiro.

Senhora, você viu o menino?

O tempo, em seu vagar, corre todo faceiro
E quanto mais a hora avança, como se não bastasse a gastança
Há ainda quem ouse pensar
E pensa que fez bom negócio
Se abarrotar de presentes
Sem pensar que, de repente
Compro o desnecessário
E fez minguar o salário.

Nas vitrines das lojas – e aí tanto faz se a loja é grande ou pequena – há uma abundância de cores e brilho nunca dantes visto. Interessante notar que a figura do homem da barba branca está em quase todas elas e com ele há uma mistura de árvores, renas, presentes, balões, fitas, neve, sinos, velas, comidas e pasmem, até um coelho da páscoa encontrei olhando para mim em plena celebração natalina. Alguém por certo resolveu antecipar a data ou é o atropelo nosso de todo dia... o fato é que poucos notaram o coelho da páscoa em uma vitrine natalina, mas ele estava lá

Mas e o menino. Alguém viu?

Não percebi sequer viva alma
Que tendo estado neste lugar
Por atenção, fé e zêlo
Tenha notado o faltar
Do menino que no Natal
Se deve homenagear

Foram apenas dez minutos de observação para que eu pudesse entender que a voz a perguntar pelo menino era a minha própria consciência em um exercício de lembrar-me que o maior, mais valioso e importante presente já foi entregue e está mais acessível do que eu possa imaginar. Está ao alcance de minhas mãos, na distância curta de uma prece.

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaías 9:6

FELIZ NATAL!

Um comentário:

EDILEUZA disse...

Gostei meu querido e mais recente amigo puro e simplismente verdadeiro...