domingo, 26 de abril de 2009

MAS LIVRAI-NOS DO MAL III – DA INÉRCIA À REAÇÃO

A semana seguiu diferente, mas comum; novas experiências, vivências e descobertas surpreendem a quem mais de perto acompanha o desenrolar da doença e a busca pela cura.

Familiar veio passar algumas horas aqui, contudo gelado chegou e mais gelado ainda saiu; pouca ou nenhuma interação, afeto, carinho houve com a paciente. Algumas pessoas lidam melhor com as dificuldades da vida, outras nem tanto. Mas a despeito da aparente apatia, sei que existem amor e interesse na recuperação da paciente, só não se sabe como demonstrar isso a despeito de experiências nem tão boas assim.

Seguiram-se consultas a outros médicos acerca dos sintomas secundários; todos os exames solicitados confirmam a diagnose principal. Início do tratamento terapêutico com forte resistência e alta descrença por parte da paciente, reações normais, medicação para o problema principal.

É interessante notar que a cada resultado de exame apontando padrão normal a paciente parece se surpreender, pois mesmo sentindo os mais diversos sintomas os exames não apontam nada de diferente ou incomum ou fora do padrão. É como se ela, a paciente, ainda não acreditasse que a base de quase todos os sintomas – secundários – tem fundo emocional; é preciso tratar a alma.

Já percebemos sutis, leves, delicadas e pequenas melhoras no estado geral da paciente; ela, contudo, ainda vê o mundo ainda bem cinza. O que tem sido causa de preocupação são as crises bulímicas e anoréxicas, ainda recorrentes, porém com menos intensidade e freqüência.

Temos um pouco mais de interação com a paciente; pequenos diálogos, poucas frases, mas é assim mesmo, o caminho de volta é lento, bem lento. Sair da inércia, em qualquer estado, exige mais esforço, exige reação.

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