domingo, 25 de maio de 2008

É PAU, É PEDRA, MAS CADÊ O CAMINHO?

O que você fez no último feriado?

Eu não sei o que você fez mas eu, neste último dia de folga, enquanto o mundo católico-cristão caminhava em procissão por ruas finamente decoradas com tapetes de sal e serragem em belíssimas composições, eu andei e caminhei quase que por penitência em busca de elevação, mas não espiritual, elevação geográfica: o maciço da Pedra Grande, em Atibaia, interior do estado de São Paulo.

Fui desperto pelo celular. O sol ainda escondido e eu idem, sob cobertas. Levantar é preciso e levantei. Arrumei a mochila, etc e tal e as 6h da manhã já estava no local marcado para o encontro com os outros companheiros desta aventura que iria durar mais tempo do que o tempo de exposição dos raios solares.

E chegou mais gente, mais carros e agora são as gentes dentro dos carros. Carros partem, vão pela estrada e tem pedágio - isso é um roubo! - e mais estrada e curva e ponte e já se pode ver a Pedra. Mas não é que a dita daqui parece tão pequena, tão diminuta... vislumbre de fácil acesso.

Os carros param. Relax. Organização. Prece. Hora de começar a andar. Pausa. Instrução. Voltamos a caminhar. O asfalto plano ficou para trás, agora é terra batida, solta, poeira e subida; e sobe e é sol... cadê a água?

Na subida tem mato, tem flor, tem espinhos, tem galho solto, queimado, seco, esturricado. Tem gente com medo, gente sem medo, gente falando, cantando, rindo, gritando... ops! tem gente perdida!!

Agora já é um tal de por aqui sim, por ali não. A trilha certa já sumiu e a tal Pedra, aquela dita Grande, ainda ninguém viu. Tem mato mas cadê a trilha? Tem gente lá em cima e gente lá embaixo. Achamos uma pedra. Fotos!!

Instrução de seguir em frente ainda que em frente, para o alto e avante sejam direções relativas. Relativo passa a ser o tempo de retorno. Alguém sabe para onde raios estamos indo? Cuidado com o caminho: é de pedra e tem espinhos.

Reunião. Pausa. Descanço. Seguir, continuar a andar. A hora passa e passa também a dor, a fome, o desgaste. O povo canta e ri e acha graça da quase desgraça de estar perdido no mato.

Ouço vozes, vejo a luz, vejo gente reunida, vejo pedras mas todas pequenas demais para que qualquer uma delas tenha a pretensão de ser denominada de Grande. Mais uma pausa... agora sim saimos da perdição. Refeição. Mais disposição. Parte do grupo retorna agora pelo caminho certo, a outra parte prossegue rumo ao destino, ver o horizonte lá do alto, como passarinho.

O corpo dói. Cada passo, cada degrau já é sentido por todas as fibras musculares. É preciso prosseguir, ir a diante, agora falta pouco e olhando para o céu já posso ver pássaros diferentes, eles tem as asas coloridas... uhuuuu!! Só mais esta subidinha e estou lá. Ouço gritos... seriam selvagens índios em celebração?

Eu chego. Eu vejo. Eu também grito e então sinto o vento. O corpo já não dói... valeu a pena!

Consigo disposição para escalar o último trecho na pedra, agora sim a Pedra Grande e então agradeço, relaxo, desmaio, esqueço a dor. Observo o sol dourado também descansar no horizonte. Foi-se o sol para seu repouso, vou eu também para o meu.

Atravessei a dor, bem mais forte do que sou.

Valeu!!

Um comentário:

Anônimo disse...

É bom dizer, com orgulho, que participei também de tudo isso. E realmente VALEU!!