sábado, 23 de maio de 2009

MAS LIVRAI-NOS DO MAL VI – LUZES E TREVAS

Após quase uma semana internada para recuperar parte da força que a doença tem, vez por outra solapado, a paciente retornou para a casa. Ainda enfraquecida fisicamente e depressiva. Quem a vê se espanta com a visível apatia que demonstra.

A médica que a atendeu desta vez foi a mesma que, algum tempo atrás, a socorreu e a aconselhou seriamente sobre os sintomas e o diagnóstico da doença principal que, pasme amigo leitor, a paciente ainda recusa-se a aceitar; e já se vão mais de dois meses desde que deprimida foi diagnosticada. Desta vez as orientações se repetiram quando do primeiro atendimento hospitalar com um reforço para pequenas ações importantes que ajudarão a paciente a sair do quadro da moléstia principal e assim diminuir as manifestações das moléstias secundárias.

Nada de ficar só deitada. Nada de ficar sem comer ou tomar água. Nada de casa quieta, escura, sombria, gelada, sem vento, sem sol. É preciso abrir janelas. É preciso luz. É preciso sol. É preciso caminhar. É preciso sair para dar uma volta. É preciso ver a natureza, o por do sol, as flores. É preciso fazer o que se gosta. É preciso música. É preciso ver TV. É preciso tomar remédio na hora certa. Tudo devagar, tudo aos poucos, mas tudo isso é preciso fazer.

A sombra cinza sobre a massa cinzenta da paciente deve começar a dissipar-se, de forma mais notória, daqui a não menos do que oito semanas. Que o vagar do tempo passe rápido!

As reações emocionais manifestas no corpo físico ainda são recorrentes e, senão bastassem as já conhecidas, temos mais uma nova e recém chegada: afonia. Reação normal, assim disse a médica, para alguém que carrega um amontoado misturado de sentimentos sobre acontecimentos que, alguns deles, foram fato há 60 anos.

Há uma luz no fim do túnel, ainda distante e pequena demais para um caminho demasiadamente comprido e escuro.

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