segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A cidade denominada de a “capital do vale” ainda tem alguns traços bem marcantes de cidades interioranas, por exemplo: abundam pensões familiares, quase como na época das boiadas e invernadas e tropeiros que ao serpentearem junto ao rio Paraíba, por estas paragens ficavam esperando que a Virgem, cuja estátua escura fôra recém encontrada, os salvassem das feras que soltas, pela beira do mesmo rio, aguardavam fazer sua próxima refeição, fosse peixe, vaca ou peão.

Outro aspecto peculiar são as “moças” da chamada “vida-fácil”, aquelas que fazem do meretrício seu ofício quase de registro senão o for desde batismo, visto serem todas, sem exceção parte do patrimônio histórico desta cidade. Pois bem, tais donzelas cuja beleza pode ser tema dos mais controversos, ainda estão garbosamente, se é que assim se pode dizer, a soltar galanteios ao quase distraído passante que estiver a circular pela praça central em plena luz do dia, luz da tarde ou também na ausência de luz da noite. Justiça seja feita! As meninas não incomodam ninguém. Elas estão lá a desfilar, perambular, circular, passear e entre um olhar e outro... ops! Lá vai uma delas. Sozinha? Duvido. A dama já acertou companhia. E na praça central tudo continua normal.

Aos domingos o comércio fecha; as igrejas abrem. O burburinho das gentes circulando durante toda a semana é substituído pelo silêncio, quase sepulcral das ruas vazias ou quase desertas. Um passante com seu cãozinho a emporcalhar a calçada está logo depois daquela esquina. Dois moleques em suas bicicletas brincam de zigue-zague pela rua onde um carro passa em tão pouca velocidade que parece estar em câmera lenta. Duas senhoras com seus terços indicam que a missa do meio-dia et finis. A porta da igreja fecha, e a dos restaurantes abrem... Amém!

Se quiser comprar um jornal ou revista há que se ter cuidado pois as bancas de jornais, são seletivas, veja só. Existem bancas só para revistas, outras só para jornais, outras só para revistas antigas, outras só para revistas de sacanagem e aproveitando que tocamos no assunto.... Tu acredita que as “paradas” de sacanagem aqui só funcionam até as 22h? Pode??? Se der vontade de fazer um sexozinho casual em um ambiente um pouco mais discreto só se for até as 10 horas da noite... depois disso resolva-se como quiser. Coisa de cidade do interior.

Mas falávamos do movimento de domingo, que quase tudo fecha, por isso é uma sacanagem. Pois bem... o jornal que circula aqui na segunda-feira é o mesmo que circulou no domingo. Como domingo não se trabalha então não é impresso jornal. Na segunda você lê as notícias de sábado no jornal que saiu no domingo. Entendeu? Em resumo: compra o jornal de domingo, depois só na terça-feira e tá tudo certo!

O programa para o cidadão joseense é ir para o parque com a família. Aha! agora temos opção de lazer. Existem dois grandes, ops... força de expressão; vou reescrever. Existe um grande parque com boas áreas verde, de recreação e trilhas para caminhadas. Para que você possa ter uma noção, seria uma mistura de Quinta da Boa Vista (pelo perfil dos freqüentadores) com uma pitada de Aterro do Flamengo (pela distribuição do verde) detalhe: não existe mar aqui tá... a imagem do Aterro você pega só a área verde. Pois bem, conseguiu montar na tua cabeça a imagem do parque ??? ... é o Parque da Cidade.
O outro parque fica no coração de uma região um pouco mais requintada, é o parque Santos Dumont: uma mistura de Lagoa Rodrigo de Freitas em miniatura, mas bem miniatura mesmo e uma porção do Baixo Leblon (pelo perfil dos freqüentadores); montou a imagem cerebralmente??? Você caminha numa pista de aproximadamente 1800 metros com mães, pais e filhos, muitos filhos, diversos filhos de todos os tamanhos, cores e sabores. Para que possa ter uma idéia mais exata: pegue as mães e crianças do baixo Leblon e coloque-os numa pista de (uau!) 1800 metros . É de enlouquecer!! Mas, no final de quatro voltas você já não está nem aí pra nada, literalmente falando. Você está fora do parque, sentado tomando uma água de côco e sonhando com os tempos em que caminhava do Leme ao Leblon... momento nostalgia!

A proximidade com a capital faz com que muitos dos que aqui vivem estejam sempre em constate vai-e-vem. Por modestos R$ 16,00 você vai para a “cidade grande” em apenas 1h30; e por outros R$ 16,00 você volta da “cidade grande”. Eu mesmo já fiz este percurso e é ótimo. Não o percurso em si, mas a proximidade com um grande centro. São Paulo com sua arquitetura, estilo, comércio, mistura de gentes e trânsito (Ave Maria! nem lembra) próprios exerce forte influência no ritmo das cidades menores que estão em sua volta e São José é uma delas. Muitos dos que aqui residem, estudam e trabalham na capital. Vida cultural, shows, teatros, grandes espetáculos e eventos acontecem a apenas 1h30 de ônibus daqui. Parte dos lojistas, principalmente do comércio mais popular, pode até negar mas que é assíduo freqüentador dos bazares, quitandas, lojas, mercearias, boxes, barracas populares e afins da famosa 25 de março, isto é sim. Um verdadeiro céu de quinquilharias e outros badulaques bem legais e baratos.

Outro aspecto peculiar é que estamos bem próximos da montanha e do mar. Estamos a cerca de 90 quilômetros da praia. Tudo bem que eu gosto de caminhar mas 90 quilômetros para ver água salgada e areia, não dá mesmo! Prometo que qualquer dia desses eu vou e ai conto como é a praia dos paulistas. Espero que haja sol. Ultimamente tem feito muito, mas muito frio mesmo. E por falar em frio, a proximidade com a montanha deixa São José a “meio-caminho” da badalada Campos do Jordão que eu irei visitar somente depois de comprar uns três casacos bem quentes.

A cidade cresce em um ritmo ordenado. Existe um programa de desfavelização fantástico. Onde antes tinha favela hoje existem praças ou áreas verdes e as famílias que moravam nestes lotes ocupados irregularmente foram transferidas para bairros com toda a infra-estrutura básica. Para se ter uma idéia da ordem que por aqui existe, até o transporte alternativo daqui é organizado com horário e tudo certinho.

A energia daqui da cidade é toda distribuída em 220V. Eu, antes que você me pergunte, estou para todos, eu disse todos os assuntos, exceto trabalho, operando na faixa dos 110V. E por hoje... chega!

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